Wednesday, May 24, 2006

for thomas

To be a kind of poet...
TO WRITE THINGS.
ALONE,
IN THE SILENCE
of your bedroom.

You've choosen this destiny.

Nobody gave it to you.
Pernhaps some genes of your
grandfather, that's me!

So, relax,
and offer to me your next poem.

And, never forget,
write it all alone
in the silence of your bedroom.

This somebody gave it to you.

Pernhaps this man
alone in the dark
like you.

Your grandfather, and that is

ME...

never forget you

Para sempre.
Nunca.
Ni toujours, ni jamais.
Coisas que não se falam.
Que se vivem
no interior das rochas,
no fundo das grotas.
No silêncio das noites,
nas madrugadas sem sono,
sem sonho.
Sonhos sem volta,
mas eu volto.
Volto sempre,
canto sempre.
Ofereço sempre
a outra face.
Eu sou assim.

E não é assim que você gosta?

Saturday, May 20, 2006

espelho


Olha para mim.
Eu sou o teu espelho.
Sou a tua angústia,
tuas dúvidas
mais do que tuas soluções.

Não pense que este olhar
te olha com promessas de soluções.
Eu trago promessas de dúvidas.
trago frio e horizontes enevoados.
Trago lágrimas.



Sou uma espécie de espelho,
sem nenhuma distorsão.

Eu sou a verdade.





























Friday, May 19, 2006

solidão

Você, de repente, percebe que está só.
Que nunca em sua vida, nunca esteve senão, só.
Que nasceu só,
que passou sua infância só, na casa vazia,
e que, mesmo hoje, cercado de gente,
cheio de amigos, filhos, netos etc,
continua só. Irremediavelmente só.
E o que é pior, isso não tem a menor importância.
Porque a solidão não é coisa que se pense:
é bom, é mau, é assim, é assado.
A solidão é, simplesmente.


Como quando você acorda no meio da noite
e todos os outros estão dormindo.

Wednesday, May 17, 2006

beyond therapy

Calma.
Não adianta mais.
Coisas passaram,
assim, foram e vieram.
Acabou,
não tem mais jeito.

As flores florescem,
as árvores arvorecem,
a vida, vida-se,
e não, vive-se.

Percebe que tudo isso
é quase nada?
Que é muito perto
de quase tudo...
Que afinal é a confusão
de todas as nossas cabeças.

A única resposta
é não haver resposta.
Por isso, cara,
APROVEITE AS PERGUNTAS!

Tuesday, May 16, 2006

Instruções para os participantes da excursão

Traga uma roupa confortável.
A jornada será longa.
Uma roupa que não amasse muito,
posições estranhas serão exigidas,
muitas vezes.
Traga o corpo, bem preparado,
bem cuidado. Mas não se esqueça
da alma,
de preferência pura
e cheia de amor.
Não precisa trazer comida,
lá tem, de boa qualidade,
para quem puder pagar.
Traga muitos sapatos,
pode ter que andar muito,
meias grossas e quentes,
um bom livro
para as noites solitárias,
que serão muitas.
Traga também uma boa faca,
para descascar abacaxis,
lenços para enxugar lágrimas,
muitos porta-retratos,
para não esquecer
os que se perderem
ao longo do caminho.


Traga também um caixão,
de madeira, confortável,
do seu tamanho.
No fim, você vai precisar dele.

vurria

Digamos, que houvesse
um pequeno regato
nos fundos da casa.

E que a gente pudesse
ir lá beber água fresca
quando tivesse sede,
pois que a água fosse limpa.

Digamos que isso fosse
no fundo de uma casa
que precisa ser solene
mas não pode ser grande,
muita parede branca,
muita coisa verde,
e panos coloridos espalhados.

Digamos que tudo isso
seja no meio do mato,
mas perto da praia,
de maneira a ouvir
o barulho do mar.
Para que a gente,
quando sentir calor
possa ir até o mar
e refrescar o corpo e a alma.

Digamos que haja muitos livros,
mas não precisa de computador,
televisão, e principalmente
telefone celular, mas que tenha rádio
e que tenha discos, aqueles mesmos,
elis, brubeck, gardel, ella, billie,
chico, vinicius, willie, evans,
jobim, milton, mozart, maller,
puccini, bach, ravel, por aí...

Digamos que estejamos todos juntos,
e que as crianças de vez em quando
venham nos visitar, alegres.
E que a gente prepare um peixe assado,
recheado com farofa de lula.

E que um dia a gente morra em paz,
e sem dor.

p.s. vurria, em dialeto napolitano, quer dizer "queria".

Monday, May 15, 2006

caminhada

Caminho inclinado para a frente,
desde pequeno, e depressa.
Clara indicação de uma constante,
íntima ansiedade. Depressa.

Muitas vezes canto alto,
ou pior, falo sozinho,
enquanto caminho,
inclinado para a frente e depressa.

Assobio, também, outras vezes.
Olho muito em volta,
presto muita atenção ao que vejo,
e nunca esqueço um caminho.

As mãos balançam ao lado do corpo,
ou vão nos bolsos, enterradas,
pois não gosto de carregar coisas,
enquanto caminho, caminho muito.

Muitas vezes, aliás, eu quase corro,
até pulo, alegre, gosto de caminhar.
Sempre inclinado para frente,
com minha cara menino
e minha permanente,
insistente e doce
vontade de chorar.

Saturday, May 13, 2006

silêncio

Já é noite, cerrada noite,
aprendi um pouco
sobre a vida e a morte.
Canso-me agora
não fisicamente,
mas é uma espécie de sono,
que ainda não é a treva.
Borges.

Friday, May 12, 2006

three o'clock

Nunca é tarde,
a voz que arde,
como quem parte
das nuvens,
lua cheia,
buda's day.
Buda's night.
luz sobre a lama.
Lama.
Profundas meditações,
vozes continuamente
suspiradas.
Respiração cadenciada.

zazen
silêncio
quase morte
vida

metade foi ontem
o resto não será nunca

só resta uma lembrança,
algo como o último
penúltimo amor

cansaço

Wednesday, May 10, 2006

QUINTANA´S WORLD

Eu queria comprar um carrinho colorido,
desses que tem nos anúncios de televisão
e que conseguem chegar nos lugares mais incríveis.

Montanhas verdes e precipícios,
rios cheios de corredeiras,
praias de moças peladas,
estradas de terra lamacentas,
mas que no fim tem sempre
uma fonte de água fresca.

Eu queria comprar um carrinho colorido
que me levasse com meu filho
para uma praia deserta.
E que a gente pegasse onda,
comesse peixe frito,
e tomasse água gelada.

Mas veja,
não tenho dinheiro
para comprar o carrinho,
não tenho mais saco
para fazer coisas novas,
e meu filho morreu.

Tuesday, May 09, 2006

parece

mas não é, é mais
parece
um pedaço de ouro
no chão
ouro não dói
pois não é


parece
reaparece

nunca mais

Monday, May 08, 2006

paciência

Cachimbo.
Ardência,
na língua,
nos olhos,
ardência
na alma.
O apito do guarda
na rua.
Banalidades,
árduo caminho
da poesia.
Único caminho
da poesia.
Longo caminho
da vida,
mesmo caminho
da morte.
Lento caminho,
único caminho
da verdade.
Verdade.
Repetições
à maneira de Gertrude Stein.
É a repetição
que eu amo.
Repetir
é o que estou amando.
Armando
quebra-cabeças,
como som da novela
ao longe
na televisão,
insônia.
O sono que não virá
antes da madrugada.
Meras descrições.
Sorrisos,
sorvetes
que derretem.
Acontecências.
Repetições, coisas
do velho poeta.
Da eterna poesia.
Finais inesperados.
Silêncio,
intervalos de sons.
Luzes na noite.
SAUDADES.
Saudades.
Mãos que se abanam
no blog colorido.
Noite. Boa noite.
Boa noite...

sete e quinze

Os olhos pesam...
As costas dóem.
Saudades de casa,
vontade de tomar umas,
conversar
com pessoas especiais.
Escrever segredos
no computador cansado.
Ouvir músicas estranhas...
Thjis Van Leer.
Sorrisos.
luzes.
Mar ao longe.
Perto de tudo
longe de tudo é nunca.
]
é longe,

Sunday, May 07, 2006

boca

é tarde
tarde da noite
eu não posso
não consigo mais respirar
boca fechada no tempo
peito fechado
mão fechada
luz acesa
coração apagado
sonhos
sonhos
sonhos

boca
lentamente
sem sons

pensa um pouco
como dói

Thursday, May 04, 2006

invitation to dance

view me
excite me
invite me

stroll me down kgnithsbridge
in a mild summer day

call me a name
that is not mine
forget me

paint my neck
with bright oriental collors
like rugs
like zen red

like a summer evening
in hamstead heath
like hell
like heaven
iron me
despite me

love me

blogabóbora

Cansativo, isso, de tecnologia.
A gente fica disponível,
dia e noite,
pior do que exposto nas livrarias
como reclamava Drummond.
As pessoas entram na gente,
comentam, nos acrescentam,
nos adicionam aos seus favoritos,
como os reis de antigamente
que faziam seus favoritos
sem nenhuma cerimônia.
A gente é aberto,
a qualquer hora do dia e da noite,
e nem fica sabendo,
olha que coisa louca.
Como se a gente fosse uma abóbora,
mas uma abóbora eletrônica.
Porque abóbora, ora, não lhe interessa,
porque eu gosto de abóbora,
é sonoro, musical, abóbora.

Digital, eletrônico, virtual,
tudo isso, menos que isso,
até o amor virtual
acontece mais do que o real,
o real, acontece?
Somos todos, no fundo,
abóboras digitais.

Saco!

Tuesday, May 02, 2006

dezoito

Onde você se esconde?
Onde mora esta dor oculta
que eu não entendo mais,
há muito tempo.
Em que volta do tempo
ficou perdida esta hipótese
de um dia ser feliz?
De alguma forma,
em algum lugar.
Como você se chama?
de que lado repousa esta mão
que escreve, soluça, sonha,
esta mão suave
que pesa todas as noites
sobre minha cabeça.
Quem é você?
Quem sou eu?